Desde 2016, o Programa de Políticas Educacionais Warren Celebrando a vida da sobrevivente do Holocausto Naomi Kaplan Warren (WEPP por sua sigla em inglês) tem trabalhado para desenvolver conhecimento, experiência e capacidade para integrar efetivamente políticas e programas educacionais para crianças e jovens em estratégias governamentais mais amplas para a prevenção de genocídio e atrocidades em massa.
Em 1º de setembro de 2020, quando Naomi K. Warren teria completado 100 anos, o Instituto Auschwitz e a família Warren anunciaram uma nova colaboração: o Programa de Políticas Educacionais do Instituto Auschwitz passaria a carregar o nome de Naomi Kaplan Warren (1920-2016) como maneira de homenagear sua admirável vida. Nascida no leste da Polônia em 1920, Naomi Warren sobreviveu a três campos de concentração durante o Holocausto - Auschwitz-Birkenau, Ravensbrück e Bergen-Belsen .Vivendo em Houston, no Texas, depois de se aposentar de uma carreira gratificante em 2002, Naomi Warren passou a se dedicar a sua paixão, compartilhando lições do Holocausto com centenas de professores/as e transformando sua história de persistência, solidariedade e esperança em uma inspiração para as futuras gerações.
Embora a prevenção de atrocidades em massa seja um processo complexo, é amplamente reconhecido que as políticas mais eficazes devem ser implementadas muito antes do início da violência, principalmente por meio do investimento em esforços de prevenção estrutural. Entre eles, os especialistas consideram que a educação está entre as esferas políticas mais eficazes para a prevenção de atrocidades. Ao discutir medidas específicas que estão disponíveis aos Estados para prevenir crimes de atrocidade, o relatório de 2013 do Secretário-Geral da ONU, Responsibility to Protect: State Responsibility and Prevention, argumenta que "a educação pode promover a tolerância e a compreensão do valor da diversidade. Mudar o comportamento, as atitudes e as percepções dos jovens pode contribuir para a criação de uma sociedade resistente a crimes de atrocidade."
Adotando uma perspectiva de prevenção de longo prazo ou "upstream", o Programa de Políticas Educacionais Warren (WEPP) contribui para a missão global do AIPG ao colaborar com uma gama diversificada de partes interessadas na educação - desde aquelas em nível nacional até as da sociedade civil - a fim de desenvolver projetos que contribuam para educar as gerações mais jovens sobre a importância de combater o preconceito, o ódio e a discriminação para prevenir o genocídio e as atrocidades em massa. A experiência adquirida ao longo dos sete anos anteriores de programação foi fundamental para que o WEPP desenvolvesse uma metodologia de trabalho baseada na premissa de que os projetos educacionais com objetivo preventivo devem ser conduzidos e desenvolvidos localmente. Para isso, o WEPP investe esforços significativos no estabelecimento de relações com uma variedade de atores - incluindo profissionais, formuladores de políticas e pesquisadores - que estão trabalhando em agendas educacionais semelhantes, bem como aqueles de campos complementares, como Direitos Humanos e Educação para a Cidadania, Educação para a Paz, Educação para o Holocausto e Educação para a Memória. Seja por meio de cooperação direta, participação em redes multilaterais, projetos colaborativos ou iniciativas de pesquisa, o AIPG busca promover uma troca ativa de conhecimentos e experiências sobre as formas mais eficazes pelas quais a programação educacional pode contribuir para a realização de objetivos específicos de prevenção e para desenvolver parcerias duradouras com organizações que trabalham com objetivos semelhantes.
Desde 2016, o programa treinou mais de 11.500 professores e envolveu cerca de 345.000 alunos do Brasil, Equador, El Salvador, Paraguai e Bósnia.
Naomi Kaplan Warren nasceu em uma família judia grande, unida e altamente educada na Polônia, no dia 1º de setembro de 1920. Ela se preparava para cursar uma universidade na Inglaterra quando a Alemanha nazista invadiu seu paísem setembro de 1939. Depois de passar por três difíceis anos de ocupação nazista, Naomi Warren foi deportada para Auschwitz-Birkenau em janeiro de 1942, juntamente com seu marido, Alexander Rosenbaum, e sua mãe, Chasia Salman Kaplan. Depois de sobreviver em outros dois campos de concentração, Ravensbrück e Bergen-Belsen, ela foi libertada em abril de 1945. Pouco tempo depois, em 1946, Naomi Warren viajou para Houston, Texas, com o apoio de seu tio, William Salman, e de sua irmã, Elizabeth Brandon, que haviam se mudado para os Estados Unidos antes da guerra. Três anos depois, ela conheceu e se casou com Martin Warren, com quem estabeleceu uma bem-sucedida empresa de importações. Após a doença e morte de Martin em 1960, NaomiWarren assumiu os negócios da família enquanto criava seus três filhos - Helen, Geri e Benjamin. Em seu aniversário de 80 anos, sua família criou a Bolsa Warren para Futuros Professores no Museu do Holocausto em Houston. Depois de se aposentar de uma carreira gratificante em 2002, Naomi Warren passou a se dedicar a compartilhar sua trajetória e suas lições sobro Holocausto com centenas de professores/as nos Estados Unidos até seu falecimento em 2016. Seu compromisso sincero com a educação e com a prevenção do genocídio transformou sua história de persistência, solidariedade e esperança em uma fonte de inspiração para as próximas gerações.
A Dra. Clara Ramírez Barat é a Diretora do site Programa de Políticas Educacionais Warren no Instituto Auschwitz...